.... é impossível ficar calada. Apesar de eu actualmente ser professora do grupo de Biologia e Geologia, contínuo a ser geóloga, 100% geóloga e, portanto, acho que mais de metade da informação com que nos brindam sobre gripes e pandemias é aldrabice. Sou uma descrente absoluta acerca desta pandemia de gripe A H1N1. Considero que a informação com que nos brindam mais não é do que manipulação economicista oriunda daqueles países que supostamente mandam em todo o mundo. Acredito veementemente que, por alguma razão, foi conveniente a gripe ter aparecido no México e, curiosamente, ter-se propagado imediatamente para os países do G8. Mas quanto a isso nada mais digo. Não quero saber!
O que eu quero saber é que, sendo professora numa escola com mais de mil alunos, não posso sequer dizer o que penso, sobretudo porque faço parte do grupo de Biologia (mas por que carga de água um professor de Geologia tem que ser simultaneamente professor de Biologia? foi só um pequeno aparte) donde sai a equipa da gripe A, responsável por informar e tomar medidas preventivas para a escola. Tenho-me mantido caladinha, sossegadita, deixando-os informar e prevenir e gozando o pratinho cada vez que um aluno entra em desespero porque acha que vai morrer só porque está com uma pontinha de febre.
Mas.... e há sempre uns mas a meterem-se no meu caminho.... na semana passada, a pontinha de febre, que não era assim tão pontinha, foi minha. Na quinta-feira, dia 1, acordei, depois de uma noite muito mal dormida, com febres altas e sintomas de gripe, o que, verdade seja dita, não é nada de estranhar nesta altura do ano. Portei-me de acordo com o que era esperado de mim. Não fui para a escola com esses sintomas, para no caso de ser a dita A, eu não estar a expôr aquela quantidade de gente a uma doença gravíssima. Telefonei para a linha 24, perguntaram-me sintomas e recomendaram que não saísse de casa, que me medicasse com aqueles medicamentos que todos tomamos quando temos gripe. Assim fiz. Fiquei em casa, enclausurada, telefonei para a escola, a avisar que tinha sintomas de gripe e que só iria na semana seguinte. Faltei dois dias úteis.
Quando voltei, fui à secretaria justificar a falta e, pasme-se, disseram-me: Então vai meter dois dias de férias, não é?
Juro que os olhos me saltaram das órbitas. Respondi que não, que estive doente, com gripe, que telefonei para a linha 24, tendo-me sido dito que deveria permanecer em casa. Que tinha avisado atempadamente a escola e blá blá blá mas.... ao contrário do que nos foi dito pela ainda ministra da educação, os professores saem prejudicados quando têm gripe e têm que permanecer em casa. Não foi nada feito para que possamos justificar estas faltas, ao contrário do que se passa com os alunos, a quem os pais justificam os dias que eles têm que permanecer em casa quando têm sintomas de gripe.
Foi-me dito que deveria falar com a Directora, o que fiz e, por ela soube que me deveria dirigir ao Centro de Saúde e aí, pedir ao meu médico de família, um atestado para esses dias. Disse-lhe na altura que se fosse eu o médico não passaria um atestado a alguém que não tinha sido diagnosticado por mim. Disse-lhe ainda que tinha telefonado novamente para a linha 24 a quem pedi um comprovativo da chamada telefónica. Ela disse-me que nada na legislação previa estes casos e, portanto, apenas um atestado serviria para justificar estas faltas.
Hoje, acordei às 6,30h para estar no Centro de Saúde às 7,00h a marcar vez para as poucas consultas que começam a ser marcadas apenas às 8,00h. Fui atendida às 10,30h da manhã. Felizmente fui uma rapariga prevenida e levei comigo os materiais de Biologia do 12º ano e aproveitei o tempo para planificar umas aulitas. Obviamente que eu tinha razão e o médico me disse exactamente o que eu previa. Ele não podia passar um atestado de algo que não viu. E assim, confirmo aquilo que eu já sabia, os professores são claramente prejudicados se tiverem gripe.
Mas estes dois dias de férias que eu gozei sem saber que os estava a gozar, vão-me servir de lição e, se por acaso tiver novamente sintomas de gripe, sejam eles de gripe A, B ou C, tanto me faz, automedico-me para baixar a febre, vou para a escola, dou as minhas aulitas e propago os vírus a todos aqueles que comigo se cruzarem, pouco me importa!