De risos e quimeras e canções
Tens dentro de ti, esse teu peito encerra,
Tudo que faz bater os corações!
Tens o fado. A canção triste e bendita
Que todos cantam pela vida fora;
O fado que dá vida e que palpita
Na calma da guitarra aonde mora!
Tu tens também a embriaguez suave
Dos campos, da paisagem ao sol poente,
E esse sol é como um canto d'ave
Que expira à beira-mar, suavemente...
Tu tens, ó Pátria minha, as raparigas
Mais frescas, mais gentis do orbe imenso,
Tens os beijos, os risos, as cantigas
De seus lábios de sangue!... Às vezes, penso
Que tu és, Pátria minha, branca fada
Boa e linda que Deus sonhou um dia,
Para lançar no mundo, ó Pátria amada
A beleza eterna, a arte, a poesia!...
Florbela Espanca, in Poesia Completa
Ontem fui ajudar o meu antigo orientador de estágio, que estava a ajudar a madrinha dum amigo dele a pintar as paredes e madeiras de um stand de automóveis. O que nós tínhamos que fazer era bastante simples. Num recanto, onde será o atendimento ao cliente, teríamos que pintar paredes, tecto e madeiras, dando-lhe um ar mais atraente e vivo do que o que tinha. As cores foram escolhidas pelos homens, já se vê... vários tons de amarelo e azul! Eu pessoalmente detesto essa mistura, só gosto dela quando bem mexida para dar um maravilhoso verde, mas... eles queriam-me lá não pelo meu excelente gosto (eh eh...), mas pela minha experiência de pinturas e, sobretudo, de desenrascanço.
As paredes foram cimentadas e rebocadas porque se deitou abaixo uma coluna que não estava lá a fazer nada e, uma delas, estava cheia de cola. Tivemos que dar quatro demãos de tinta para esconder as marcas das imperfeições em duas das paredes e, nas outras duas, cinco demãos, porque o amarelo era mais clarinho e transparente. O tecto, antes cinzento, parecia que tinha havido lá um incêndio, levou apenas uma demão de tinta branca, que foi deixada ao ar para secar, ficando mais grossa. Está pronto! Ou não, depende do tempo que sobrar hoje. As paredes externas ao recanto ficaram azuis e, a madeira da parte de baixo, foi pintada com efeitos com creme e azul. A cor e o efeito envelhecido deram-lhe um ar mais atraente do que o que tinha antes, castanho e feio de madeira velha. Para hoje sobraram os efeitos das paredes amarelas do recanto. Numa vamos fazer esponjeados com o amarelo clarinho da parede contígua e, na outra, vamos utilizar uma mistura de amarelos, branco e um bocadito de azul que ficou a dar sopa no tabuleiro no final da pintura das paredes externas (sempre consegui levar a minha avante e esverdear um bocadito um dos amarelos eh eh...). Nós os três queríamos continuar e pintar o stand todo mas os donos não nos deixam. Não conseguem ter mais tempo o stand fechado e as tintas para uma área desta dimensão são muito caras, sobretudo as que foram utilizadas nas madeiras. Mas como nós os três não largamos pé e, normalmente, conseguimos levar a nossa avante, provavelmente, conseguiremos convencê-los a deixarem-nos, pelo menos, pintar as madeiras da parte debaixo das paredes. Aos bocados, por áreas pequeninas, mas... com o tempo havemos de conseguir convencê-los.
Tudo isto para vos dizer que cada vez mais eu gosto muito de Portugal. Adoro as cidades com as suas construções tão díspares, com os contrastes entre novo e velho em cada esquina por onde passamos... A casa onde está o stand é daquelas velhinhas, lindíssimas, com azulejos nas fachadas e janelas de madeira recortada. Adoro! Está à venda, toda podre e, a madrinha do amigo do meu amigo, dona do stand, tem a chave porque já foi necessário ir lá acima por causa de infiltrações no R/C. Levou-nos lá numa visita guiada e... adorei! A casa é daquelas com muitas divisões umas grandes, outras minúsculas, com as paredes pintadas em trompe l'oeil, como já não se faz mais, com sotão e águas furtadas e com um quintal na parte de trás, grande, a perder de vista. Pena que não tenho dinheiro!...
Uma das salas fez os meus encantos. Toda coberta de painéis pintados na parte superior das paredes, com antigas vistas de Setúbal e arredores, e, com imitação de madeira na parte inferior das paredes e tecto. Tirando alguns frisos que separam as duas partes das paredes e emolduram os quadros, ao contrário do que parece, todas as paredes são inteiramente lisas. Os painéis estão maravilhosamente bem feitos, ora vejam:
Tenho pena é que a solução para esta casa seja mais uma daquelas frequentes neste meu Portugal, deixar cair e fazer de novo com linhas e construções modernas. Volto a dizer: pena que não tenho dinheiro!
As paredes foram cimentadas e rebocadas porque se deitou abaixo uma coluna que não estava lá a fazer nada e, uma delas, estava cheia de cola. Tivemos que dar quatro demãos de tinta para esconder as marcas das imperfeições em duas das paredes e, nas outras duas, cinco demãos, porque o amarelo era mais clarinho e transparente. O tecto, antes cinzento, parecia que tinha havido lá um incêndio, levou apenas uma demão de tinta branca, que foi deixada ao ar para secar, ficando mais grossa. Está pronto! Ou não, depende do tempo que sobrar hoje. As paredes externas ao recanto ficaram azuis e, a madeira da parte de baixo, foi pintada com efeitos com creme e azul. A cor e o efeito envelhecido deram-lhe um ar mais atraente do que o que tinha antes, castanho e feio de madeira velha. Para hoje sobraram os efeitos das paredes amarelas do recanto. Numa vamos fazer esponjeados com o amarelo clarinho da parede contígua e, na outra, vamos utilizar uma mistura de amarelos, branco e um bocadito de azul que ficou a dar sopa no tabuleiro no final da pintura das paredes externas (sempre consegui levar a minha avante e esverdear um bocadito um dos amarelos eh eh...). Nós os três queríamos continuar e pintar o stand todo mas os donos não nos deixam. Não conseguem ter mais tempo o stand fechado e as tintas para uma área desta dimensão são muito caras, sobretudo as que foram utilizadas nas madeiras. Mas como nós os três não largamos pé e, normalmente, conseguimos levar a nossa avante, provavelmente, conseguiremos convencê-los a deixarem-nos, pelo menos, pintar as madeiras da parte debaixo das paredes. Aos bocados, por áreas pequeninas, mas... com o tempo havemos de conseguir convencê-los.
Tudo isto para vos dizer que cada vez mais eu gosto muito de Portugal. Adoro as cidades com as suas construções tão díspares, com os contrastes entre novo e velho em cada esquina por onde passamos... A casa onde está o stand é daquelas velhinhas, lindíssimas, com azulejos nas fachadas e janelas de madeira recortada. Adoro! Está à venda, toda podre e, a madrinha do amigo do meu amigo, dona do stand, tem a chave porque já foi necessário ir lá acima por causa de infiltrações no R/C. Levou-nos lá numa visita guiada e... adorei! A casa é daquelas com muitas divisões umas grandes, outras minúsculas, com as paredes pintadas em trompe l'oeil, como já não se faz mais, com sotão e águas furtadas e com um quintal na parte de trás, grande, a perder de vista. Pena que não tenho dinheiro!...
Uma das salas fez os meus encantos. Toda coberta de painéis pintados na parte superior das paredes, com antigas vistas de Setúbal e arredores, e, com imitação de madeira na parte inferior das paredes e tecto. Tirando alguns frisos que separam as duas partes das paredes e emolduram os quadros, ao contrário do que parece, todas as paredes são inteiramente lisas. Os painéis estão maravilhosamente bem feitos, ora vejam:
Tenho pena é que a solução para esta casa seja mais uma daquelas frequentes neste meu Portugal, deixar cair e fazer de novo com linhas e construções modernas. Volto a dizer: pena que não tenho dinheiro!
1 comentário:
Já somos duas a lamentar a falta de dinheiro. O meu sonho desde sempre era poder restaurar uma casa desse genero....
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